Talvez o mais conhecido dos livros de Gillian Flynn seja este, Em parte incerta (Gone Girl, 2012). Uma análise a duas vozes, em enfático formato de thriller, do mal-estar, da intriga e da iminência de perigo que floresce no seio das interações mais íntimas numa pequena cidade. A partir do desaparecimento da mulher (e da consequente suspeita que recai no marido), a autora - jogando habilidosamente com as convenções e as expectativas dos leitores familiarizados com os thrillers - ensaia a exploração de um casamento em crise e as formas de crueldade e vingança que a imaginação humana pode conceber. Aliás, o nível de astúcia, engenho e mestria dos dois narradores (que nos vão proporcionando twists e loops com frenética regularidade) é tão elevado e patológico que dá à narração uma tonalidade artificial e eminentemente lúdica.
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