Preciso que me salvem
Perde as chaves num buraco, perde o
botão do teu casaco
Perde o anel de pechisbeque da feira -
Perde o rubor nos teus traços, perde o viço nos teus passos,
Mas, se me perdes nos teus braços, preciso que me salvem.
Perde as harmonias que aprendemos, perde
o sabor do pão que temos,
Perde a poupança que fizeste e nunca usaste -
Perde o ritmo, perde a graça, perde a noção do tempo que passa,
Mas, se me perdes na tua mente, preciso que me salvem.
E, se a consciência te atormenta com a
ira dos justos ou dos tolos,
Então perde-te em ti até te lembrares de esquecer.
Perde a paixão e a esperança, perde o
fiel da balança,
Perde a couraça nos combates que guerreias -
Perde os filhos que engendraste, perde a batalha e a guerra que travaste,
Mas, se me perdes no teu cerne quanto baste, preciso que me salvem.
Perde a reverência aos vencedores e a
paciência com o perdão,
Não precisas de ser um senhor ou um escravo -
Perde os sentidos, perde o plano, perde a fé no ser humano,
Mas, se me perdes mais adiante, preciso que me salvem.
E, se a consciência te atormenta com a
ira dos justos ou dos tolos,
Então perde-te em ti até te lembrares de esquecer.
Perde o amor pelo que é perfeito, perde
o teu grande sonho eleito,
Perde o
momento certo para encontrar alguém amável,
E depois, até ao desamor, o último remorso do perdedor.
Pois, se me perdes em teu redor, preciso que me salvem.
Perde as promessas e o desejo, perde o
sentido do gracejo
Perde a candura com que viveste-
Perde o bule e a chaleira, podes perder da melhor maneira
Mas, se me perdes no coração, preciso
que me salvem?
— Madeleine Peyroux (do álbum Bare Bones, 2009)
I Must Be Saved
Lose
your keys under the house, lose the button from your blouse,
Lose the plastic diamond ring from the parade-
Lose the color in your lips, lose the swingin' in your hips,
But if you lose me in your grips I must be saved,
Lose
the harmonies we learned, lose the taste of bread you earned,
Lose the stash you always kept but never craved-
Lose
your rhythm, lose your lines, lose your sense of passing time,
But if you lose me in your mind I must be saved,
And
if you find your conscience plagued by some misplaced or righteous rage.
Then
lose yourself instead till you remember to forget.
Lose
your passion and your hope, lose the knotting in your rope,
Lose your armor in the struggles that you brave-
Lose, the children that you bore, lose the battle, lose the war,
But if you lose me in your core I must be saved,
Lose
your reverence for winners, your patience with forgiveness,
You don't have to be a master or a slave-
Lose your senses, lose your mind, lose your faith in human kind,
But if you lose me down the line I must be saved,
And
if you find your conscience plagued by some misplaced or righteous rage
Then lose-yourself instead till you remember to forget.
Lose
perfection for a start, lose the dream you kept apart,
Lose the chance to find another who'd behave,
And then if you haven't yet, 'lose your loser's last regret
For if you lose me in your net I must be saved
Lose
the vows we never spoke, lose the punch-line to the joke,
Lose your innocence as if willingly you gave-
Lose the kettle on the pot, you can lose the best you've got
But if you lose me in your heart I must be saved?
— Madeleine Peyroux (in Bare
Bones, 2009)
Cantora e compositora americana, Madeleine Peyroux (nascida em 1974, em Athens, no estado da Georgia) começou a sua carreira com 16 anos, cantando blues
e jazz vintage nas ruas de Paris – para onde se mudou
com a mãe, aos 13 anos, na sequência do divórcio dos pais. No bairro
latino parisiense, juntou-se a uma banda de jazz vintage, chamada The Lost
Wandering Blues and Jazz Band, que fez algumas digressões pela Europa.
Em 1996, publicou o seu primeiro álbum, Dreamland, que teve grande sucesso. Os
seus discos de estúdio mais conhecidos são talvez Careless Love (2004), Half the Perfect World (2006), Bare Bones (2009)
ou Standing on
the Rooftops (2009).
[In https://en.wikipedia.org/wiki/Madeleine_Peyroux; https://madeleinepeyroux.com/my-story-biography-of-soulful-music/]
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