«A beleza da Casa é
imensurável; a sua Bondade, infinita» — uma das proclamações
iniciais do afável e amnésico narrador de Piranesi (2020) sobre a Casa, que é quase como
quem diz, o Mundo: uma espécie de templo
monumental e esmagador, povoado de imponentes estátuas, vultosas colunas,
galerias e salas, e assolado com regularidade pelas marés de um oceano. Com
exceção das visitas regulares do ‘Outro’, Piranesi (sem qualquer traço de desespero,
numa radiosa inocência) está só neste imenso cenário que ele vai
explorando e documentando (numa prosa elegante mas austera) num
diário, recorrendo a um processo de datação que só para o final será elucidado.
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