O leitor penetra de chofre na realidade brutal da primeira obra de Geovani Martins, O sol na cabeça (2018), e é como um seco muro no estômago. É a vida nas favelas, na qual a ubíqua presença da droga — desde a ‘maconha’, a cocaína ou o crack, quer o tráfico, quer o consumo — ou a violência e a pobreza são naturalizadas. Todas as histórias (quase sempre episódios da vida nos morros pobres do Rio de Janeiro) são um exuberante festim de linguagem, uma linguagem vibrante e dúctil, que revela um superlativo domínio da coloquialidade dos morros, às vezes beirando a impenetrabilidade (por isso, talvez, o glossário que acompanha o livro).
Sem comentários:
Enviar um comentário