Na tradução de poemas (ou letras de canções), deverá ignorar-se a rima ou a métrica, por exemplo, para se ser fiel à letra (ou ao espírito) do poema? Se decontarmos a perspetiva de Vladimir Nabokov (cuja tradução, para inglês, do ‘romance em verso’ Ievgueni Oniéguin, de Aleksandr Pushkin — em português, Eugénio Onéguin — é radical e militantemente literal), a opção mais frequente — e decerto a mais descomprometida — em tradutores ocasionais (como eu) é justamente ignorar a rima, a métrica ou a acentuação. Esta, no entanto, não é a minha: procuro uma proporção plausível, conservando pelo menos a rima e, quando me sobra engenho, também a métrica. E, quanto à fidelidade estrutural, a minha ambição não vai mais longe (não contemplo geralmente a acentuação nem equivalências sonoras).
Em todo o caso, o risco de afastamento do original, quando se conservam algumas caraterísticas estruturais como a rima ou a métrica, é inevitavelmente maior.
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