A narradora de Uma mulher desnecessária (An Unnecessary Woman, 2014) dedica-se a verter para árabe livros que ama mas cujas línguas originais não domina (trabalhando a partir de traduções já existentes), vive sozinha no seu apartamento em Beirute, cercada de pilhas de livros e as traduções dactilografadas. Povoada de reflexões sobre o envelhecimento, a literatura, a filosofia, a arte, a solidão ou a resiliência em lugares de perigo, permeadas com as suas memórias da guerra civil libanesa, é na voz narrativa de Aaliya (numa prosa envolvente, refinada, por vezes sardónica e à qual não faltam irrupções emotivas) que esta obra elegante tem um dos seus principais trunfos; as suas raras deambulações pela cidade, as cenas disruptivas com elementos da família e a crescente vinculação emocional com as suas vizinhas compõem o quadro narrativo.
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