quinta-feira, 18 de junho de 2020

POEMAS DOUTRAS LÍNGUAS

SHERWIN STEPHENS/ JIM CRACE:

A despedida do biólogo à sua esposa

Não contes com o Céu ou com o Inferno.
Estás morta. É tudo. Adieu. Adeus.
A eternidade aguarda-te? Oh, sem dúvida!
Nada senão Putrefação e Estrume
E Podridão, Podridão, Podridão implacável,
Enquanto regrides de Zool. para Bot..
Claro que sofrerei,
Falecida esposa,
Embora o Sofrimento nunca 
Tenha dilatado a Vida
Ou aliciado sequer uma Exalação extra
De um Corpo tocado pela Morte.
- Sherwin Stephens
(epígrafe de Being Dead (1999), de Jim Crace)


The Biologist's Valediction to his Wife


Don't count on Heaven, or on Hell.
You're dead. That's it. Adieu. Farewell.
Eternity awaits? Oh, sure!
It's Putrefaction and Manure
And unrelenting Rot, Rot, Rot,
As you regres from Zoo. to Bot.
I'll grieve, of course,
Departing wife,
Though Grieving's never
Lengthened Life
Or coaxed a single extra Breath 
Out of a Body touched by Death.
- Sherwin Stephens
(epígrafe de Being Dead (1999), de Jim Crace)

Jim Crace, nascido em 1946, no condado de Hertfordshire, Inglaterra,  e estudou em Enfield (norte de Londres) e na atual Universidade de Birmingham e na Universidade de Londres. Fez serviço militar voluntário no Sudão e leccionou numa escola secundária em Botswana (Molepolole), antes de regressar a Inglaterra e trabalhar na BBC. Mais tarde, trabalhou como jornalista freelancer. Publicou o seu primeiro livro (Continent, sete histórias interligadas) em 1986, pelo qual ganhou (entre outros) o Prémio Whitebread - prémio que viria a contemplar Quarentine (1997), passado no deserto da Judeia de há 2000 anos e no qual Jesus Cristo surge como personagem. Being Dead (donde foi extraído o poema, onde figura como epígrafe) ganhou o prémio National Book Critics Circle, em 1999. O poeta Sherwin Stephens é uma invenção episódica de Jim Crace.

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