A luz elétrica faz mal à vista?
Em 1857, o governo português
nomeou uma comissão para apreciar o relatório e contas da Companhia Lisbonense
de Iluminação e Gás. Eram os primórdios da eletricidade na iluminação pública
em Portugal.
A dita comissão debruçou-se sobre
o tema e reconheceu que a luz elétrica era “barata em relação aos outros
sistemas de iluminação”. Todavia, alertava para os “efeitos insuportáveis à
vista” que, segundo os peritos da dita comissão, causariam o “enfraquecimento
ou a perda de vista das pessoas que estivessem próximas dessa intensa luz”.
Tais problemas derivavam, segundo se afirmava, na concentração “em um mesmo
ponto de uma imensa quantidade de raios luminosos”.
Considerava-se, portanto, que não
estavam ainda suficientemente estudados os efeitos “das fortes e constantes
correntes elétricas” sobre a “higiene pública”. E, mais do que isso,
considerava-se também que tais correntes causariam uma “grande perturbação na
atmosfera”, podendo, por isso mesmo, agravar “algumas enfermidades” ou, pior
ainda, provocar outras novas doenças, ainda “não compreendidas” nem, tão pouco,
descritas nos “Tratados Patológicos” das ciências médicas da época.
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Fonte: José Hermano
Saraiva e Maria Luísa Guerra, Diário da História de Portugal, vol. 3, Lisboa,
Difusão Cultural, 1998 (adapt.)
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