A
matança do porco:
-
festa e subsistência
Desde tempos muito
recuados que a carne de porco foi muito utilizada na alimentação das
populações. Era a carne mais acessível aos estratos sociais mais pobres.
Na Idade Média, era
vulgar os porcos andarem a vaguear pelas ruas de vilas e cidades. Mas a
sujidade acumulada, o cheiro e alguns inconvenientes causados, começaram a
preocupar as autoridades. Em Santarém, no século XV, há notícias de que os
porcos, fossando pelos adros de igrejas, chegaram a desenterrar mortos que lá
se encontravam sepultados. Em 1482 foi decretada, em Santarém, a proibição dos
porcos andarem pelas ruas. Quem os quisesse criar, teria de os ter em casa ou
prender em seus quintais. Porcos que fossem encontrados nas ruas, eram
recolhidos e confiscados a favor do concelho. Ficava também estipulado que,
quem encontrasse porco em liberdade, poderia caçá-lo, sem ficar sujeito a
qualquer pena ou multa.
O porco era alimentado e engordado ao longo de todo o ano. A matança costumava ocorrer durante o inverno:
"Eram mortos no tempo do frio,
O mais tardar pelas Janeiras,
Assim faziam o bom enchido
O belo chouriço das Beiras."
(in António dos Santos Vicente, Vida e Tradições...)
"Eram mortos no tempo do frio,
O mais tardar pelas Janeiras,
Assim faziam o bom enchido
O belo chouriço das Beiras."
(in António dos Santos Vicente, Vida e Tradições...)
A matança do porco era ocasião
festiva e pretexto para juntar a família, os vizinhos e amigos. A carne era
salgada e também posta ao fumeiro, sendo a garantia que a subsistência estava
assegurada, que havia carne para todo o ano. Por conseguinte, a matança do
porco, para além do ritual da festa e convivialidade, constituía uma preciosa
reserva para os tempos de crise.
É que, dentro das cancelas, estava o
governo da casa dos pobres….
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Fontes: António dos Santos Vicente, Vida e Tradições nas Aldeias Serranas da Beira, s.l., s.n., 1995.
José
Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra, Diário
da História de Portugal, vol. 1,
Lisboa, Difusão Cultural, 1992
(adapt.)
Margarida Ribeiro, Estudo Histórico de Coruche, Coruche,
Câmara Municipal, 1959.
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