quarta-feira, 20 de novembro de 2019

POEMAS DOUTRAS LÍNGUAS

MARINA TSVETAEVA:

Um beijo na testa (1917)

Um beijo na testa  apaga o sofrimento
Beijo-te na testa.

Um beijo nos olhos — afasta a insónia.
Beijo-te nos olhos.

Um beijo nos lábios — é um trago de água.
Beijo-te nos lábios.

Um beijo na testa — apaga a memória
                              

A Kiss on the Forehead* 


A kiss on the forehead—erases misery.
I kiss your forehead.

A kiss on the eyes—lifts sleeplessness.
I kiss your eyes.

A kiss on the lips—is a drink of water.
I kiss you on the lips.

A kiss on the forehead—erases memory.

                              — Marina Tsvetaeva, 1917

(*trad. do russo por Ilya Kaminsky e Jean Valentine).

                                — Tradução da versão inglesa: Paulo Lopes




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Marina Tsvetaeva nasceu em Moscovo e publicou a sua primeira coleção de poemas aos 18 anos. Boris Pasternak considerou-a a mais russa de todos os poetas russos. Casou em 1912 e teve duas filhas (uma das quais morreu em 1919, durante esse período turbulento e de fome que teve o seu apogeu em 1921) e um filho. Em 1922, emigrou com a família para Berlim, depois para Praga, instalando-se em Paris em 1925. O marido (Sergei Efron) trabalhava para a polícia secreta soviética e, em consequência, Marina Tsvetaeva foi ostracizada pela comunidade de expatriados russos de Paris. Correspondeu-se com Rainer Maria Rilke e Boris Pasternak. Retornou à União Soviética em 1939. O marido foi executado e a sua filha sobrevivente enviada para um campo de trabalho. Na invasão alemã, foi evacuada com o filho para Yelabuga. Suicidou-se, por enforcamento, em agosto de 1941.

Críticos e tradutores referem-se frequentemente à paixão que arde nos seus poemas, às suas síncopes estilísticas e à sintaxe inusual.

[In Poetry Foundation:
 https://www.poetryfoundation.org/poets/marina-tsvetaeva]

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